A Câmara do Rio reuniu, nesta quarta-feira (6), representantes do Poder Público, de universidades, da sociedade civil, de entidades ligadas a esportes e de associações dos moradores para debater os efeitos de eventos como ressacas ou mar forte na orla da cidade, que causam destruição dos calçadões e dos quiosques do litoral. Entre as possíveis soluções para a questão está a criação de recifes artificiais, proposta do Projeto de Lei 1.864/20, aprovado pelos vereadores e que depende apenas da sanção do prefeito para virar lei.
O debate foi conduzido pelo presidente da Câmara, vereador Carlo Caiado (DEM), um dos autores do projeto, e contou ainda com a participação do Marcelo Arar (PTB), presidente da Comissão de Turismo da Casa e também autor do projeto, que tem ainda o vereador Carlos Bolsonaro (Rep) entre os parlamentares que assinam o texto. Durante a reunião, foi exibido um levantamento de problemas em diversos pontos dos calçadões da orla da cidade. Carlo Caiado apontou a necessidade da realização imediata de obras emergenciais para solucionar os problemas verificados em localidades como na Praia da Macumba, no Posto 3, na Barra da Tijuca, em frente ao G-Mar, e nos postos 7 e 8, também na Barra da Tijuca.
O presidente da Casa ressaltou a importância da criação dos recifes artificiais. “Sem dúvida alguma, se for estabelecido em alguns pontos da cidade, o recife artificial é uma modalidade que une tudo o que nós queremos: a questão ambiental, o problema sobre a erosão, e também o turismo da cidade, não só pelos esportes, mas também pela possibilidade de as pessoas levarem seus filhos às praias de forma tranquila”, defendeu o parlamentar.
Sobre os recifes, existem no mundo seis experiências já implementadas na Austrália, na Inglaterra, na Nova Zelândia e na Índia. Projetos estão sendo avaliados em Portugal, na Barra de Maricá e no Balneário de Camboriú, estes dois últimos no Brasil.
Para o vereador Marcelo Arar, “os recifes artificiais são importantes para potencializar o esporte e turismo da cidade do Rio de Janeiro”. Para Arar, as estruturas, que ficariam instaladas no fundo do mar, potencializariam um dos esportes que mais cresce em visibilidade atualmente. “As ondas perfeitas vão ajudar na divulgação da cidade no mundo inteiro”, completou.
Danos aos quiosques
O presidente da Orla Rio, responsável pelo comércio nos calçadões, João Marcello Barreto, sinalizou os problemas enfrentados pelos quiosques no ano passado, em especial na Barra da Tijuca. “Foram 10 ressacas durante a pandemia, e hoje temos 10 quiosques com as atividades suspensas, com operadores sem trabalho há um ano e sete meses”. Barreto pleiteou a realização de obras emergenciais para o atendimento do carioca e dos turistas no próximo verão.
O professor da Coppe-UFRJ, Paulo Cesar Rosman, revelou que enviou, no início deste ano, um documento à Prefeitura do Rio, detalhando a orla da cidade do Rio e indicando, em cada trecho do litoral, as vulnerabilidades. “A cidade tem uma vocação costeira extraordinária e o potencial ainda está aquém do que poderia ser atingido. A solução é trabalhar com a natureza, para que as soluções possam ser ótimas para a população e para o meio ambiente”.
Já para o vice-presidente da Câmara Comunitária da Barra da Tijuca, professor David Zee, a solução está na renaturalização das praias, com sua recuperação, seguida pela revegetação das restingas e criação dos recifes artificiais. “É preciso aumentar a praia, para que esta possa fazer resistências às ondas e às marés”.
Paulo Renato, da Associação dos Moradores do Jardim Oceânico, elogiou o Projeto de Lei nº 1864/2020. “Ele é inovador e relevante para o desenvolvimento econômico da cidade, com baixos custos para sua implementação”.
Os próximos passos, segundo o presidente da Câmara do Rio, vereador Carlo Caiado, incluem reuniões entre os poderes Legislativo e Executivo para a definição de prioridades. O parlamentar ainda reforçou a importância da proposição parlamentar, e espera que o Grupo de Trabalho que deverá ser criado com sanção do projeto, para estudar os locais onde seriam implantados os recifes, se torne permanente.
Importância econômica do litoral
Responsável pela desburocratização e incentivo às atividades econômicas na cidade do Rio, o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação, Chicão Bulhões, apontou a importância do segmento praieiro para os cariocas. O gestor mencionou um estudo do Sebrae, que deverá ser atualizado, mas que indica a circulação de R$ 80 milhões por mês com as atividades na orla, e de R$ 7 bilhões por ano, se incluídos os hotéis e restaurantes. “Nosso compromisso é dar um olhar econômico e de desenvolvimento sustentável, para potencializar a prática do esporte e do turismo na retomada pós-pandemia”.
Entre os participantes do debate estiveram presentes o vereador Vitor Hugo (MDB); o presidente da Fundação Rio-Águas, Wanderson José dos Santos; o tenente coronel do Corpo de Bombeiros Militar, Paulo Costa, o subprefeito da Barra da Tijuca, Raphael Lima; o presidente da Sociedade de Amigos de Copacabana, Horácio Fernandes Magalhães Gomes, a presidente da Associação de Moradores do Recreio dos Bandeirantes, Simone Giacobbo Kopezynski; e o presidente da Federação de Surf Estadual, Luiz Guilherme Morales de Aguiar, além de representantes da Geo-Rio.