O Vereador Carlo Caiado encaminhou um ofício ao Ministério Público Estadual do Rio solicitando a intervenção do órgão numa solução para a superlotação e infraestrutura do sistema BRT na Cidade. Caiado vem recebendo inúmeras reclamações sobre o funcionamento diário do sistema, hoje operado em três corredores expressos de ônibus, chamados de BRT Transoeste (Santa Cruz/Campo Grande X Terminal Alvorada/Barra da Tijuca ou Terminal Jardim Oceânico/Barra da Tijuca), BRT Transcarioca (Terminal Galeão/Ilha do Governador X Terminal Alvorada/Barra da Tijuca) e BRT Transolímpica (Terminal Deodoro X Terminal Parque Olímpico/Terminal Salvador Allende/Recreio dos Bandeirantes).
A operação diária de ônibus nestes corredores permite o funcionamento de uma série de outras alternativas de itinerário, visto que os ônibus que circulam num corredor podem acessar um outro, bem como os próprios corredores possuem variações nas linhas ofertadas, como linhas “Parador”, “Expressa” ou “Semidireta”. Ocorre que, diariamente, a população tem reclamado de uma série de problemas e falhas na operação destes corredores, cujo Centro de Operações funciona anexo ao Terminal Alvorada, no bairro da Barra da Tijuca.
Em algumas visitas que o Vereador fez em estações, em diferentes dias e horários, constatou-se o caos que vem se formando nesse meio de transporte público, pois além do bom serviço que deve ser ofertado ao cidadão, o Vereador entende que é preciso priorizar a segurança do usuário, o que visivelmente não tem ocorrido.
No encaminhamento do documento enviado ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, Caiado listou os seguintes problemas, lembrando que em outras oportunidades, e em outros temas do cotidiano da Cidade, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro se utilizou de instrumentos jurídicos permitidos na legislação brasileira, como o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), para conseguir reverter os problemas na ocasião encontrados.
1 – Operação. É nítido que existe uma operação irregular do Corredor BRT como um todo, visto que as linhas “Expresso” e “Semi-direto”, que tem grande procura no período da manhã, no sentido Santa Cruz/Campo Grande para o Terminal Alvorada, e no período da tarde no sentido inverso, Terminal Alvorada para Santa Cruz/Campo Grande. Há uma clara má distribuição de veículos na grade de horários destes ônibus “Expresso” e “Semi direto”, já que o intervalo entre eles é insuficiente para atendimento da demanda da região de Santa Cruz/Campo Grande, e isso acaba por acarretar a lotação das estações intermediárias ao longo do Corredor BRT Transoeste, sobretudo as do Curral Falso, Pingo D’água, Magarça, Mato Alto e Ilha de Guaratiba. As pessoas que aguardam ônibus nestas estações no sentido Terminal Alvorada no período da manhã perdem até 1 hora para tentar embarcar. A existência de uma oferta maior de ônibus nestes horários, bem como a implantação de uma linha que saia com ônibus vazios destas estações intermediárias ajudaria a aliviar esta demanda, mantendo baixo o número de pessoas aguardando o embarque nestas estações.
2 – Mudança na distribuição dos usuários dentro das estações BRT. É certo que houve uma alteração na operação de embarque nas estações do BRT, retirando o pessoal de apoio que trabalhava nas estações com maior demanda, e que organizava as filas de embarque, provavelmente com o propósito da economia. O sistema que utilizava grades para organizar as filas também foi desfeito. Isso resultou numa desorganização no embarque de pessoas nos ônibus dentro das estações, com sérios prejuízos as pessoas com maiores dificuldades de locomoção, como idosos, mulheres grávidas ou crianças. Em certas ocasiões, chega-se observar até agressões físicas à alguns passageiros. O comportamento de muitos usuários do Sistema BRT também contribui para isso, sobretudo adultos homens, mas é fato que os operadores também tem sua culpa no processo, pois tinham conhecimento do mal funcionamento no embarque em algumas estações e operava, até o início deste ano, este sistema de controle no embarque, utilizando pessoal de apoio e grades.
3 – Infraestrutura precária. Em muitas áreas atendidas pelo BRT, a infraestrutura para o bom funcionamento do sistema é insuficiente. A ausência de terminais de integração com as linhas alimentadoras e de cobertura nos pontos de ônibus destas linhas alimentadoras ao Sistema BRT é um exemplo. O entorno da estação Mato Alto, em Guaratiba, exemplifica bem essa situação. Esta estação recebe o público de diversos bairros da região, como Pedra de Guaratiba, Catruz e Jardim Garrido, e não possui um Terminal para recebimento das linhas de ônibus alimentadores que chegam a estação Mato Alto. Isso acaba por expor os usuários do sistema a qualquer condição de intempérie, além de não trazer conforto e segurança no complemento das suas viagens. A construção dos terminais de linhas alimentadoras deve ser uma obrigação do Poder Público para melhoria do sistema.
4 – Precariedade da distribuição de linhas de ônibus alimentadoras. Esse é outro ponto importante, visto que muitas regiões da zona oeste do Município, sub-bairros de Guaratiba, Santa Cruz e Sepetiba, que tem precariedade na oferta de transporte público, não estão integradas ao sistema BRT, mesmo estando a poucos quilômetros de distância de uma estação BRT. Isso ocorre pela má distribuição das linhas alimentadoras e seus trajetos, além da irregularidade na oferta de ônibus e na grade de horário destes ônibus alimentadores.
Caiado acredita que outros problemas vem ocorrendo no sistema BRT do Município, mas se atentou aos 4 (quatro) pontos já citados, pois acredita que possam contribuir par o início de qualquer apuração.