A segunda edição do seminário “O Rio do Futuro”, uma realização do jornal O Globo e da Rádio CBN com apoio da Câmara do Rio, contou com a presença de autoridades e lideranças da cidade para discutir os rumos da cidade tendo como base o novo Plano Diretor.
O presidente da Câmara, vereador Carlo Caiado (PSD), abriu o primeiro painel exaltando o trabalho feito durante a elaboração do Plano Diretor e defendeu o seu caráter de simplificação da vida da população carioca: “Dois anos de discussões e mais de 30 audiências públicas para buscar um norte para onde a população quer que a cidade vá. Não é um Plano Diretor de Diretrizes. É um que dá segurança jurídica e busca a desburocratização”.
O ordenamento do crescimento da cidade também foi um tema constante entre as falas. O secretário municipal de Desenvolvimento Urbano e Econômico, Chicão Bulhões, trouxe uma reflexão a respeito do crescimento da cidade, destacando o crescimento de áreas como a zona oeste, mas também a necessidade de incentivar o adensamento em áreas que já possuem a infraestrutura para atender a essas pessoas e suas demandas: “Hoje a missão é levar qualidade no que já existe para a zona oeste, porém realmente incentivar muito essas áreas que já possuem a possibilidade de receber esse crescimento, pois a cidade precisa crescer”.
Em complemento, o gerente de infraestrutura da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), Isaque Ouverney, trouxe os problemas com mobilidade que são decorrentes do que ele chamou de “espraiamento da cidade”, citando um estudo da própria Firjan, que entre outras coisas relaciona esses problemas com seus impactos na indústria. Sobre o adensamento da zona norte, ele acrescenta: “Isso é importante, pois esses planejamentos precisam conversar para justamente garantir para que o trabalhador resida perto do seu local de trabalho, que tenha acesso às funções urbanas como cultura, educação e saúde nas proximidades da sua moradia e com isso a gente reduza o tempo de deslocamento na cidade e tenha qualidade de vida”.
Indo além das questões práticas do dia a dia, como mobilidade e habitação, o presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Leandro Grass, ressaltou também a importância de se ocupar, por exemplo, o Centro do Rio, para a preservação do patrimônio da cidade: “Eu louvo muito a iniciativa de ocupação do centro. O adensamento do centro é uma das principais estratégias, se não a mais importante. Onde há vida, há preservação, e onde há abandono, há destruição”.
Tecnologia e sustentabilidade
Ainda na esteira do debate de como preparar a cidade para o futuro, tendo como “manual” o Plano Diretor, o vereador Carlo Caiado (PSD) defendeu o investimento e o incentivo em tecnologia, destacando por exemplo o papel do Rio como primeira capital a criar legislação em torno do 5G, por iniciativa da Câmara, e os outros impactos indiretos de se investir nesse setor: “Através da legislação a gente cria a centralidade da tecnologia. Quando a gente fala disso, a gente envolve tudo. Até mesmo segurança pública”.
Robson Carneiro, presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae Rio) e da Federação das Associações Comerciais e Empresarias do Estado do RJ (FACERJ), explicitou sobre como esses temas estão sendo recebidos pelas empresas e diz que, além de temas como inteligência artificial, a sustentabilidade é uma das grandes preocupações. “As empresas que não se adaptarem ao ESG ficarão fora do mercado com certeza”, afirmou, em lógica similar à síntese do representante da Firjan, que destacou: “O futuro da cidade passa pela economia verde, pela bioeconomia, e não existe negócio sustentável em área degradada”.